Espanhóis em Lisboa

E aqui podem ver

Ontem li no coreto

Era 25 de Abril e emprestaram-me um poema de Nuno Júdice. 

O amor é...

Ferida que não dói,
a palavra que não precisa de ser dita,
um olhar suspenso dos teus olhos,
respirar o ar em que respiras,
dizer o teu nome
e ouvir nele a tua voz,
esperar-te em cada instante
em que sei que me esperas, 
dar-te a alegria que me dás,
ver-te chegar num eco de ave,
e deixar que me prendas
com o teu gesto mais suave,
sentir-te, só, ao pé de mim,
e sentir-me tão só longe de ti,
saber que existes em mim
como sei que existo em ti,
a flor de fogo do teu corpo,

e beijar essa flor.

É mesmo ao lado

Às vezes penso se é bom colocar nas estradas cartazes assim. Não seria melhor sentir a sorpresa de ver que na aldeia seguinte falam doutra maneira, o café é diferente, as coisas têm outro cheiro?

Não sei.

Ele

Ele não sabe o que quer.

Sofre por causa das dúvidas

e leva dentro mil segredos.

Procuro sempre um abraço

e dou-lhe as mãos,

para que sinta a tranquilidade

que os seus sonhos 

não lhe deixam ter.

Ele não sabe o que quer

e eu, às vezes, também não.

Caderno de Poemas Portugueses II

Amanhã.

Amanhã terá passado mais um dia

e mais um ano.

Terás na tua memória

mais um bolo de aniversário

para pensar num desejo

e esperar sentada,

até que o destino o faça realidade.

Não esperes por ele.

O melhor da vida fica,

escondido,

nesse espaço de tempo que tens ai,

à frente,

para bebê-lo lentamente.

17 de Janeiro de 2009.

Caderno de Poemas Portugueses I

Houve um dia que reparei

naquilo que sempre esteve

ao meu lado,

e decobri

que todos os dias há um sol

mais escuro ou mais brilhante

para iluminar.

As núvens não tiram o branco das imagens,

é entre elas que os pássaros,

contentes,

dizem as verdades que esconde 

essa parte da lua

tão difícil

que és tu.

16 de Janeiro de 2009

Árvore

Também as árvores nuas têm muito a dizer.

También los árboles desnudos tienen mucho que decir.